Inventora de Curitiba é finalista de prêmio internacional com acessório que dá autonomia a cadeirantes

“inventora” do ploy é a arquiteta Rebeca Paciornik Kuperstein, que iniciou o projeto em 2015, a partir de outra empresa dela, o Pernas pra Que Te Quero, de incentivo à participação de cadeirantes em corridas de rua. A startup foi residente do Worktiba da Prefeitura, o primeiro coworking público do Brasil, gerenciado pela Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação.
“É um orgulho para Curitiba ver empresas do Vale do Pinhão ganharem reconhecimento internacional, ainda mais com uma causa tão importante como a acessibilidade. A jornada da My Ploy mostra a capacidade inovadora do curitibano e é um ótimo exemplo para celebrar o Dia Mundial da Criatividade, neste 21 de abril”, diz o presidente da Agência Curitiba, Dario Paixão.
Desde 2019, a startup curitibana produz dispositivos para cadeiras de rodas a fim de fornecer segurança para cadeirantes ao transitarem no meio urbano. Não se trata de pouca gente: o IBGE estima que, dos 18,6 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, 3,4% têm dificuldade de andar ou subir escadas.
São cerca de 632,4 mil pessoas (o equivalente a um a cada três curitibanos) que Rebeca quer tirar de casa, dar mais visibilidade e autonomia de vida. A escolha do nome – ploy – significa um estratagema astuto para atingir um objetivo. Neste caso, dar visibilidade a quem precisa de uma cadeira de rodas.
Premiação
Na 8ª edição do Prêmio à Inovação Social da Fundación Mapfre, a My Ploy concorre a 40 mil euros com startups da Colômbia, Suécia e Estados Unidos. Em 12 de maio, os 12 finalistas (divididos em três categorias) vão apresentar seus projetos em Madri (Espanha) para um júri especializado, que vai escolher qual iniciativa tem maior potencial de transformar a sociedade.
“Eu me inscrevo nesta seleção desde 2021 e, a cada ano, a empresa foi amadurecendo e hoje estou finalista. Terei a honra de levar a My Ploy a Madri. Nunca fui sozinha nesse projeto, contei com muitos colaboradores e me orgulho muito de ter desenvolvido isso em Curitiba, uma cidade que inspira a inovação”, conta Rebeca.
A Fundación Mapfre é uma instituição sem fins lucrativos criada pela empresa Mapfre (seguradora internacional fundada na Espanha) que visa contribuir para a melhoria da qualidade de vida e o progresso da sociedade.
Presença no Vale do Pinhão
Contar com apoios é uma das formas que a My Ploy tem avançado. A CEO conta inscreve a My Ploy em cerca de 30 editais anualmente. Foi assim que chegou ao Worktiba. “Eu precisava de um lugar para realizar reuniões, sem custo, e ali seria perfeito. Mas fui selecionada no início da pandemia, em que tudo virou online.”
Também foi selecionada pelo InovAtiva, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Durante o programa, uma mentora apontou que a ideia de um negócio para as corridas com cadeirantes era interessante, mas tornar o acessório comercializável podia seria mais efetivo.
A partir daí, Rebeca foi em busca de parcerias para projetar os protótipos, fabricá-los, testá-los, aperfeiçoá-los e patenteá-los. Encontrou apoio em uma empresa de ferragens de São José dos Pinhais, onde produziu e comercializou 85 peças.
Atualmente, a startup está na aceleradora na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), no campus de Ponta Grossa.
Pitch bem estruturado
Se depender da preparação da sua apresentação, Rebeca é uma forte concorrente na final em Madri. Seguindo as recomendações de um bom pitch, ela inicia a exposição sobre a My Ploy pelo problema que a startup ajuda a resolver: o da falta de acessibilidade para quem usa cadeira de rodas.
Rebeca destaca que, segundo o IBGE, apenas 4,7% das calçadas dos 5,5 mil municípios brasileiros são acessíveis e que cerca de 18,6 milhões de brasileiros com 2 anos ou mais (8,9% dessa população) têm algum tipo de deficiência.
Em seguida, pergunta: “Onde estão todas essas pessoas?”.
“Descobri que essas pessoas estão confinadas dentro de casa porque não conseguem se deslocar sozinhas. Se não saem de casa, não são vistas. Se não são vistas, não existem na sociedade”, diz Rebeca.