Ficar doente não traz imunidade contra reinfecção, que pode ser ainda pior
Contrair dengue uma vez não significa que você vai ficar livre da doença depois. “Uma segunda, uma terceira ou mesmo uma quarta dengue têm o potencial de serem mais graves que as anteriores”, alerta a infectologista Marion Burger, da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba.
Em uma nova dengue, o sistema imunológico pode entender inicialmente que é uma infecção igual à anterior, mas, na verdade, ela é provocada por um sorotipo diferente do vírus (existem quatro tipos). O organismo produz anticorpos contra o invasor, mas a resposta imune, ineficiente, não neutraliza o novo vírus.
A cada reinfecção, o paciente poderá desenvolver uma doença mais grave, com a possibilidade de complicações que necessitam uma hidratação ainda maior – em alguns casos, levando à necessidade de internamento.
Segundo Marion, a imunidade para a dengue é relativa. “Só protege para o vírus da dengue que causou esta infecção”, explica a infectologista. E é aí que está o problema: no Paraná, atualmente, circulam três tipos de vírus: dengue 1, dengue 2 e dengue 3.
“Mas nem o quadro clínico ou os testes laboratoriais mais comuns como os testes de antígeno NS1 ou anticorpo IgM conseguem diferenciar o tipo de vírus que causou a infecção”, adverte Marion, do Centro de Epidemiologia da SMS. Ou seja: o melhor mesmo é não pegar dengue.
Prevenção
Para evitar a proliferação do Aedes aegypti, o mosquito transmissor da dengue, é preciso que cada cidadão se empenhe, como já disse secretária municipal da Saúde, Beatriz Battistella: “A população não precisa esperar que um agente de saúde bata à sua porta para tomar providências.”
Os cuidados passam por manter calhas sempre limpas, caixas d’água bem vedadas, verificar se não há água acumulada nas lajes, limpar bordas de vasilhas de água e comida de animais, além de descartar lixos, entulhos e pneus nos locais adequados.
Em caso de sintomas de dengue, como febre, dores pelo corpo ou atrás dos olhos, náuseas, a orientação é procurar o serviço de saúde mais próximo.
Repelentes
Uma recomendação para quem for para regiões onde há epidemia de dengue, ou mesmo quem morar ou visitar áreas de grande infestação de mosquitos, é se prevenir com o uso de substâncias repelentes.
A proteção contra picadas do mosquito transmissor da dengue, zika e chikungunya é necessária principalmente ao longo do dia, pois o Aedes aegypti tem hábitos diurnos e geralmente se esconde embaixo de mesas e camas.
O repelente deve ser reaplicado periodicamente, tendo em vista que ele pode perder o efeito com o suor.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) reconhece três substâncias ativas sintéticas registradas como eficazes no combate ao mosquito:
• DEET (N-dimetil-meta-toluamida ou N,N-dietil-3-metilbenzamida),
• Icaridina (Hydroxyethyl isobutyl piperidine carboxylate ou Picaridin)
• IR3535 (Ethyl butylacetylaminopropionate ou EBAAP)
Há produtos que têm como substância ativa o extrato vegetal ou o óleo de citronela, mas nem todos são altamente eficazes na prevenção da picada do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Segundo os especialistas, os dois compostos com eficácia comprovada são DEET e icaridina.
Vacina
De acordo com os critérios do Ministério da Saúde, Curitiba não faz parte dos municípios que irão receber a vacina contra a dengue. A cidade está em alerta, mas ainda distante da emergência em outras regiões, como o Distrito Federal.
Ainda disponível em poucos lotes na rede privada, a vacina da dengue é mais uma ferramenta de prevenção, mas ainda é uma proteção individual e não deve fazer que todas as outras ações de combate ao mosquito sejam postas de lado.