Festival da Palavra de Curitiba recebe autores consagrados e manifestações que vão além das páginas dos livros
A Prefeitura de Curitiba vai promover, de 27 de setembro a 1º de outubro, o I Festival Internacional da Palavra. Evento literário que vai muito além das páginas dos livros, o festival é gratuito e reunirá convidados nacionais e estrangeiros para explorar a riqueza e as interseções da palavra em diversas manifestações: dança, música, teatro, ativismo e várias outras possibilidades.
Com aproximadamente 100 participantes, o evento contará com a presença de renomados autores nacionais e internacionais. Entre os destaques, a premiada moçambicana Paulina Chiziane, primeira mulher negra a vencer o Prêmio Camões, em 2021, e o português José Luís Peixoto, ganhador do Prêmio José Saramago de 2001. De outros países, estão ainda em destaque a autora irlandesa Mary O’Donnell, a argentina Inés Garland, a libanesa Iman Humaydan, a indiana Jyoti Kiran Shukla e o americano Kiran Bhat (de raízes indianas).
O Festival da Palavra, organizado pela Prefeitura de Curitiba por meio da Fundação Cultural, tem como objetivo não apenas celebrar a literatura, mas também explorar as conexões entre a palavra e outras formas de arte e abordar temas relevantes para a sociedade contemporânea.
Do cenário nacional Eduardo Bueno (RS), Leandro Karnal (RS), Mary Del Priore (SP), Amara Moira (SP), Auritha Tabajara (CE), Flavio de Souza (SP), Cassio Scarpin (SP), Natália Polesso (RS), Ricardo Aleixo (MG), José Inacio Viana de Melo (BA), Bel Santos Meyer (SP), e vários autores e artistas paranaenses, entre eles Alice Ruiz, Cristóvão Tezza, Giovana Madalosso, Nadja Naira.
“Mais que um evento literário tradicional, o festival se posiciona como um espaço de celebração da palavra, essa manifestação verbal ou escrita que representa o pensamento humano. O festival é também um lugar de reflexão, diálogo e transformação cultural”, afirma o prefeito Rafael Greca, idealizador do evento.
O palco principal será o Memorial de Curitiba, onde as palestras e bate-papos acontecerão. Porém, nesses dias, o festival espalhará atividades como oficinas, contações de histórias, saraus, exposições, shows, apresentação de teatro em praças e outros espaços culturais da cidade. A programação, toda gratuita, em breve será disponibilizada no Guia Curitiba.
Palavras em muitos locais
O Festival da Palavra ocupará aproximadamente dez locais na região do Centro Histórico da capital paranaense e se desdobrará em uma programação que inclui feira de livros de editoras curitibanas, palestras, bate-papos, oficinas, exposições de poesia, leituras de autores locais, sessões de autógrafos, contação de histórias, performances, teatro e musicas.
Um dos destaques será a maratona de 24 horas de poesia, onde 48 poetas de Curitiba declamarão suas obras, além do encontro com booktubers, que discutirão os canais digitais de difusão da literatura.
O palco principal será o Memorial de Curitiba, onde acontecerá a abertura e serão realizadas as principais palestras e bate-papos. No entanto, o evento ocupará também com oficinas, bate-papos, contação de histórias e pocket shows espaços como a Casa Hoffmann – Centro de Estudos do Movimento, o Cine Passeio, a Feira do Poeta, o Solar da Cultura, a sede da Academia Paranaense de Letras (Belvedere), o Auditório Regina Casillo (com a palestra de Mary Del Priore) e o Teatro Guaíra (onde será a palestra de Leandro Karnal).
Homenagens
O escritor paranaense Dalton Trevisan, um dos ícones da literatura brasileira contemporânea, vencedor do Prêmio Camões 2012 pelo conjunto da obra, será um dos homenageados, assim como a centenária Ida Vitale, Prêmio Cervantes 2018. A escritora uruguaia fará uma participação on-line na abertura do evento e será tema de um bate-papo entre a editora Laura Di Pietro e a poeta curitibana Alice Ruiz.
“A ideia é congregar saberes e experiências em torno da palavra, com suas manifestações e desdobramentos que se corporificam em expressões como a literatura, a dança, o teatro e o cinema, e em temas para reflexão, como a palavra-performance, a palavra-ecologia, a palavra-lugar no mundo, a palavra-leitura e a palavra-tradução”, explica a curadora do festival, a escritora curitibana Luci Collin.
O festival abrangerá também o I Salão do Livro para a Criança e Juventude, com estandes de várias editoras brasileiras e representantes da literatura infantojuvenil da França, Suíça, Portugal, Espanha, Polônia, Itália, Argentina, Uruguai, Índia e Bélgica (que participam com apoio dos consulados).
Abertura
A abertura, no dia 27 de setembro, às 19h, será marcada pelas homenagens ao curitibano Dalton Trevisan e Ida Vitale, uma das mais importantes poetas latino-americanas. A autora é reconhecida em seu país por liderar um movimento de vanguarda da poesia e também pelo seu ativismo contra a ditadura uruguaia. Boa parte de sua obra foi escrita nos Estados Unidos, onde viveu por mais de 30 anos. Em 2016 ela retornou ao Uruguai, onde vive atualmente.
Ambos os homenageados estão perto de completar um século de vida e muitas décadas dedicadas à poesia e à literatura. Dalton Trevisan fez 98 anos em junho e Ida Vitale completa os 100 anos em novembro.
Paulina Chiziane, autora de Niketche: Uma história de poligamia, estará na abertura do festival, quando participará de uma conversa com mediação de Sandra Stroparo e de uma sessão de autógrafos de suas obras.
Primeira mulher negra e africana a vencer o Prêmio Camões, maior distinção da literatura de língua portuguesa, Paulina retrata em seus romances principalmente o universo feminino, o protagonismo da mulher negra, o realismo social e a crítica de costumes.
Destaques
O escritor português José Luís Peixoto ficou consagrado com sua obra de estreia, o romance Nenhum olhar, vencedor do prêmio José Saramago em 2001. A obra recebeu prêmios importantes de Portugal e foi incluída na lista dos melhores livros de ficção publicados no Reino Unido em 2007 do jornal britânico Financial Times. Já foi traduzido para mais de dez idiomas. O encontro e a sessão de autógrafos com Peixoto serão no dia 30, às 20h, no auditório do Memorial de Curitiba.
Com vários livros publicados, a poeta e escritora Mary O’Donnel virá especialmente para o encontro literário em Curitiba. Ela é um dos expoentes da literatura irlandesa e conhecida por abrir caminhos para as mulheres num ambiente literário tradicionalmente dominado por homens. Ela participa de um bate-papo sobre Palavra Poética e Transformação, no dia 29 de setembro.
O rol de mulheres autoras que participam do festival conta também com Ines Garland, uma das principais escritoras de livros infantojuvenis na Argentina, e com Iman Humaydan, romancista e expoente da literatura libanesa.
Além delas, três nomes estarão representando a Índia e sua diversidade, presente também na literatura: a poeta e adida cultural Jyoti Kiran Shukla (atualmente em missão no consulado da Índia em São Paulo), a poeta e escritora Shelly Bhoil, que mora em São Paulo, e o escritor Kira Bhat, que é filho de indianos e vive nos Estados Unidos.
Vertentes
O I Festival da Palavra reúne uma diversidade de temas, mas duas vertentes principais conduzem a curadoria: a palavra expressa em outras artes, como no teatro, na música e na dança, e a palavra escrita ou falada, fonte de reflexão e afirmação, que no festival se desdobra em inúmeras abordagens: palavra e oralidade, palavra e antropoceno, palavra e ancestralidade, palavra e deslocamento, palavra e sociedade, palavra e exílio, palavra para a juventude, palavra poética, palavra clássica e pós-moderna.
A Academia Paranaense de Letras, no Belvedere do bairro São Francisco, é um dos locais do Festival da Palavra de Curitiba, onde acontecerá um ciclo de palestras sobre autores paranaenses – Paulo Leminski, Domingos Pellegrini, Valêncio Xavier, Laura Santos e Helena Kolody.
Serviço: I Festival da Palavra de Curitiba
Data: de 27 de setembro a 1º de outubro
Programação e inscrições em breve no Guia.Curitiba